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sábado, 6 de julho de 2013

C&A e Marisa são marcas que compravam de confecções autuadas por trabalho escravo @Reinaldo_Cruz

Quando uma indústria têxtil desabou em Bangladesh em abril, matando 1.100 trabalhadores que produziam peças para marcas como Benetton e Walmart, o mundo soube que a fábrica, que vendia roupas baratas aos países ricos, dava péssimas condições de trabalho e colocava em risco seus funcionários. O que nem todos sabem é que situações parecidas podem ser encontradas em São Paulo. É o que afirma o auditor Renato Bignami, que coordena o Programa de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho e Emprego no Estado.

A prática é conhecida como “sistema de suor” (do inglês sweating system), diz Bignami. Da mesma maneira como acontece em Bangladesh, muitas marcas brasileiras não produzem as roupas que comercializam. Elas compram as peças de uma rede de confecções menores. Algumas dessas confecções, em busca de cortar custos e oferecer preços mais baixos às marcas, subcontratam oficinas clandestinas com trabalhadores vivendo em condição de escravidão contemporânea. São imóveis precários onde imigrantes ilegais da Bolívia, do Peru e do Paraguai ficam confinados e trabalham das 7h às 22h para receber entre R$ 200 e R$ 500 por mês (veja alguns casos ao lado). O ministério intensificou as fiscalizações no Estado a partir de 2010 e encontrou situações de servidão por dívida (quando o trabalhador começa devendo o valor da passagem e moradia), além de “trabalho forçado, cárcere privado, assédio moral e sexual, baixíssimos salários e precárias condições de saúde e segurança”, enumera Bignami.

Além de uma questão humanitária, o trabalho escravo também é um problema econômico, lembra Carlos Michele Fabre, do Ministério Público do Trabalho. Segundo o procurador, um funcionário que produz nessas condições custa, por mês, R$ 2.300 a menos que um empregado contratado de acordo com a lei. Dessa forma, a empresa que faz uso desse tipo de mão de obra em sua cadeia consegue vender a preços impraticáveis para quem produz respeitando a legislação.

Para tentar corrigir essas distorções, em janeiro foi sancionada uma lei estadual que regulamenta punições às marcas ligadas direta ou indiretamente a trabalho escravo, podendo impedi-las de atuar em São Paulo. Por isso, ao comprar uma roupa barata ou de uma grife sem preocupação com fornecedores, é bom ter em conta que a barganha pode estar sendo bancada por um trabalhador mal remunerado em condições degradantes. Conheça, ao lado, algumas das empresas já relacionadas a esse tipo de trabalho.

Leia mais: Revista Galileu - NOTÍCIAS - Bangladesh é aqui


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